Introdução geral O que é teologia sistemática?

Por Prof. Wagner Montanhini 


Introdução geral

O que é teologia sistemática? Como é frequentemente o caso em teologia (mas não apenas

em teologia!), a resposta irá variar dependendo de para quem você perguntar. Em um contexto

acadêmico como o nosso, podemos começar dizendo que a teologia sistemática é uma

disciplina acadêmica que faz parte do “organon” (ou seja, todos os ramos) do

teologia.

Contudo, dizer que a teologia sistemática é uma disciplina acadêmica não é suficiente para

definir este campo teológico. Freqüentemente usamos o termo “teologia sistemática” como uma

uma espécie de sinônimo de “teologia dogmática”. Às vezes também acontece que os termos

“sistemático” ou “dogmático” são simplesmente identificados com “teologia”. Esses

identificações são problemáticas. Podemos entender por que as outras disciplinas que constituem o

a teologia não vê esses atalhos! Na teologia católica falamos de teologia

“fundamental”, que não diz respeito aos grandes temas teológicos (cristologia, eclesiologia,

etc.), mas sobretudo as questões preliminares, ou seja, aquelas que, por exemplo, dizem respeito ao estatuto do

razão em teologia, a relação entre teologia e filosofia, a questão da autoridade e das normas

(Escritura, tradição, possivelmente também experiência ou cultura contemporânea) em teologia.

Dependendo do contexto, você terá que aprender a discernir o que este ou aquele autor

entende por teologia “sistemática”, “dogmática” e “fundamental” (voltaremos a estes

expressões abaixo).

A teologia é composta por um certo número de ramos mais ou menos numerosos, dependendo

as instituições e lugares onde é praticado, incluindo: teologia prática, exegese (e, para alguns,

teologia bíblica, história, ética e sistemática. Para alguns (este é especialmente o caso em

Universidades de língua alemã) a sistemática é composta por dois lados: dogmática e ética

teológico. Para outros, a ética teológica não faz parte da sistemática, mas constitui

uma disciplina independente. É o caso, por exemplo, de certos cursos de teologia na Suíça.

A Suíça francófona, desde as décadas de 1970 e 1980, onde a ética se tornou “autônoma” em relação à

sistemático. As cátedras de ética surgiram, especialmente a partir da década de 1970, quando

percebeu a crescente importância das questões éticas em nosso mundo contemporâneo e

a necessidade de competências especializadas nestas questões.

Como você pode imaginar, as categorias são porosas: é difícil fazer ética

teológico sem qualquer dogmática ou dogmática sem nunca tocar na ética, ou mais

em grande parte fazer sistemática sem recorrer à exegese bíblica, à história da teologia e

Cristianismo ou mesmo filosofia. O conhecimento de cada ramo é na verdade

essencial para desenvolver o pensamento sistemático. Conhecimento da história

(história das ideias, principalmente), na exegese e na filosofia são particularmente essenciais

em sistemática. Poderíamos até dizer que em grande parte o que deve ser pensado e dito

na sistemática, esta disciplina depende do material estudado por outros ramos da teologia,

sem nunca ser reduzido a isso. É por isso que é raro ver teólogos sistemáticos produzirem

seus grandes trabalhos (quando os produzem) no início de sua carreira…

Na maioria das vezes, a teologia sistemática opera e retrabalha os termos clássicos da

teologia. As expressões “teologia sistemática” e “teologia dogmática” na verdade não remontam

que no século XVII (o primeiro uso da expressão “teologia sistemática” é encontrado em

Bartholomäus Keckermann, 1571-1608; Georg Calixt foi o primeiro a falar de “theologia dogmatica”,

meio século depois, em 1659)1. Mas isso não significa que não houvesse teologia

sistemático ou dogmático antes da era moderna. A chamada teologia “sistemática” do século XVII

e séculos subsequentes está em continuidade com o que foi simplesmente chamado de “teologia” (ou

“philosophia christiana” ou “sacra doctrina”) séculos antes. Apresentações estruturadas da fé

A tradição cristã remonta aos primeiros séculos do cristianismo, como o Tratado dos Princípios

(Peri arconte) de Orígenes (†253). O início do século XIX, com Friedrich Schleiermacher (1768-1834),

assistimos a uma reorganização fundamental do órgão da teologia que coloca as diferentes disciplinas em dependência e coerência entre si2. É desta organização, primeiramente colocada em

lugar na Universidade de Berlim, co-fundada pelo Pe. Schleiermacher, de quem temos.


Referências Bibliográficas sobre Teologia Sistemática

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Trad. Odayr Olivetti. Campinas: Luz para o Caminho, 1990.

BOFF, Clodovis. Teoria do Método Teológico. Petrópolis: Vozes, 1999.

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Uma Introdução à Doutrina Cristã. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2016.

HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

MYATT, Franklin Ferreira; ALAN, Myatt. Teologia Sistemática: uma Análise Histórica, Bíblica e Apologética para o Contexto Atual. São Paulo: Vida Nova, 2008.

SPROUL, R.C. Somo Todos Teólogos. Editora Fiel, 2014.

McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática: Uma Introdução. São Paulo: Sheed & Ward, 2000.

CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Unesp, 2007.

CULVER, Robert D. Teologia Sistemática: Bíblica e Histórica. São Paulo: Vida Nova, 2006.

Comentários

Postagens mais visitadas